Qual a diferença entre nódulo e cisto de tireoide?

Decidi fazer esse post pois vejo que essa é uma dúvida muito frequente no consultório do endocrinologista e que gera muita angústia nos pacientes e seus familiares. Compreender essa diferença, mesmo que de forma básica, pode ajudar a diminuirmos nosso nível de ansiedade se estivermos diante de um ultrassom com essa alteração. Em primeiro lugar nódulo é uma região de um órgão ou tecido que cresce de forma independente e forma uma lesão circunscrita, ou uma espécie de “bolinha”. Essa lesão pode ser constituída por um aglomerado de células que cresce e forma o que chamamos de um nódulo sólido. Por outro lado, um nódulo pode ser preenchido por líquido, aí chamamos ele de cisto. No caso da tireoide, esse líquido pode ser sangue, restos de células que se desintegraram ou coloide, um tipo de material a base de proteínas, gelatinoso, que é utilizado na formação dos hormônios da tireoide. Existem ainda os nódulos mistos ou sólido-císticos, em que uma parte é composta por um aglomerado de células e outra é preenchida por líquido. Por que saber isso é importante? Os diferentes tipos de cânceres, inclusive os de tireoide, são formados por aglomerados de células que se desenvolvem de maneira anômala e agressiva e tem a capacidade de se espalhar, invadir e danificar outros órgãos e tecidos. Como um cisto tem pouca ou nenhuma célula, as chances dessa lesão se tornar maligna é quase zero. No caso dos nódulos mistos, quanto maior a proporção de líquido, melhor. Uma minoria de cistos de tireoide pode crescer demais e gerar algum incômodo local, dificuldade para engolir, sensação de sufocamento ou desconforto estético, mas não são graves. Por outro lado, nem todo o nódulo sólido é um câncer, pelo contrário, a grande maioria dessas lesões são benignas e bem comuns na tireoide. Cabe ao médico especialista saber analisar certas características desse nódulo ao ultrassom, que não é o tema de hoje, para decidir se é suspeito o bastante para ser submetido a uma punção e análise microscópica de suas células.

Tireoide dói?

Essa é uma pergunta que pode parecer estranha para alguns, porém muitos pacientes procuram o endocrinologista por algum quadro de dor ou mesmo desconforto na parte da frente do pescoço, muitas vezes atribuída à glândula tireoide. Isso é fato ou há muita confusão nos diagnósticos de dores nessa região. É verdade que a tireoide pode apresentar quadros dolorosos em algumas situações clínicas próprias, mas nem de longe ela é responsável pela maior parte dos quadros de dores na região anterior do pescoço. Vários outros órgãos e estruturas podem causar um número maior de casos de dores e desconforto do pescoço do que a tireoide. Dentre as causas mais comuns de dores e desconforto nessa região destacamos o refluxo gastroesofágico, espasmos e divertículos do esôfago, dores musculares, inflamação da traqueia e de gânglios linfáticos, arritmias cardíacas e dores irradiadas do coração, transtornos de ansiedade, entre outros. Entretanto, em uma minoria dos casos, a tireoide pode ser sim a responsável por quadros de dor, como nos casos de tireoidites subagudas de origem viral, tireoidites bacterianas e cistos hemorrágicos de crescimento rápido. Geralmente o quadro é de uma dor na parte anterior do pescoço, porém mais abaixo, em sua metade inferior, muitas vezes de forte intensidade e que gera muita sensibilidade no local mesmo ao leve toque. Pode vir acompanhada de outros sintomas como febre e simular um quadro de hipertireoidismo, provocando sudorese excessiva, palpitações, tremores, insônia, agitação, entre outros. Já os bócios, que são casos em que a tireoide apresenta um aumento significativo de seu tamanho, normalmente não provocam dor, mas podem causar sintomas como sensação de peso e sufocamento no pescoço, dificuldade para engolir, falta de ar, rouquidão etc. Para finalizar, importante destacar que o câncer de tireoide muito raramente provoca qualquer um dos sintomas acima em seus estágios iniciais.

Tireóide e Coronavirus: Posicionamento Oficial

Recentemente a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) publicou um posicionamento oficial sobre os cuidados que os portadores de doenças da tireóide devem ter diante da pandemia por COVID-19, visto ser esse um questionamento bastante comum entre os pacientes. Assim podemos afirmar:⠀???? Portadores de hipotireoidismo e hipertireoidismo NÃO fazem parte do grupo de risco para agravamento do quadro de COVID-19, mesmo que a causa da doença seja auto-imune (Tireoidite de Hashimoto ou Doença de Graves);⠀???? As medidas restritivas que seus portadores devem seguir são as mesmas da população geral e orientadas pelo Ministério da Saúde, ressaltando-se a necessidade de se manter um bom controle da doença;⠀???? Se necessário procure o endocrinologista para possíveis mudanças no tratamento baseado em alterações clínicas e laboratoriais, não havendo necessidade de ajustes de dose da medicação no caso de o paciente contrair infecção por COVID-19;⠀???? Nos casos de maior gravidade por COVID-19 em que haja a necessidade de internação, é importante que a equipe médica responsável seja informada que o paciente é portador de doença da tireóide e qual a medicação e dose vem utilizando;⠀???? A grande maioria dos portadores de Câncer de Tireóide, que foram submetidos a cirurgia seguida ou não por tratamento com iodo radioativo, não fazem parte do grupo de risco para agravamento da infecção por COVID-19 e não necessitam de cuidados adicionais em seu tratamento além do habitual;⠀???? Portadores de Câncer de Tireóide avançado, com metástases para órgãos, especialmente para pulmões e aqueles em uso específico de medicamentos para o câncer (Sorafenibe, Levantinibe e Vandetanibe) pertencem ao grupo de maior gravidade e devem manter-se em isolamento social, seguir as medidas de higiene indicadas pelas autoridades de saúde e manterem contato com seu médico.⠀Que todos possam manter a calma e serenidade nesse momento. Juntos iremos superar esse momento difícil de nossas vidas!