Jantar tarde pode aumentar o risco de obesidade e diabetes
Há tempos suspeitamos que jantar tarde da noite poderia levar ao ganho de peso e o surgimento do diabetes, mas faltavam evidências científicas que comprovassem essa teoria. Entretanto, um novo e interessante estudo publicado no conceituado Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (JCEM), publicado esse mês, veio para reforçar a teoria de que comer demais tarde da noite pode não ser uma boa ideia. O estudo comparou parâmetros como oxidação de ácidos graxos (popularmente chamado de queima de gordura) e valores de glicose pós alimentação entre um grupo que jantava às 18h e realizava uma pequena ceia às 22h e outro que fazia um pequeno lanche às 18h e jantava às 22 horas. Embora seja ainda um estudo preliminar e com um número pequeno de pessoas (10 pacientes em cada grupo), os resultados estão de acordo com o que imaginávamos. Aqueles que jantavam mais tarde apresentavam uma queda de 10% na taxa de oxidação de gordura e um pico de glicose pós alimentação 18% maior em comparação àqueles que jantavam mais cedo. Mais interessante ainda, esses efeitos negativos sobre o metabolismo eram ainda mais acentuados naqueles que jantavam tarde e iam dormir logo depois comparado aos que demoravam algumas horas para ir para cama. Talvez isso realmente se deve ao fato de o metabolismo desacelerar durante o sono e não dar conta daquelas calorias extras ingeridas pouco antes de deitar-se. Ainda é cedo para batermos o martelo de que jantar tarde e ir para cama logo depois é um fator de risco para obesidade e diabetes, um número maior de pessoas ainda deve ser estudado antes de concluirmos que isso é verdadeiro. De qualquer forma, esse estudo vem ao encontro de outros trabalhos na área do cronometabolismo, que defendem que deveríamos comer melhor durante o dia e menos à noite, além de necessitarmos de tempo adequado de sono e regularidade nos horários de dormir e acordar. Dessa forma, nossas chances de mantermos o peso sob controle e evitarmos o diabetes seriam muito maiores.
Quando o glúten realmente faz mal à saúde?
Há alguns anos passou a fazer parte das “dietas da moda” a retirada do glúten da dieta com o objetivo principal de perda de peso. Os defensores desse método alegam que o glúten possui propriedades inflamatórias que poderiam alterar a flora intestinal, aumentar a absorção de calorias e o apetite. Para quem não sabe, o glúten é a principal proteína do trigo e é encontrado também na cevada, no centeio e no malte. Estudos mostraram que essa hipótese não tem fundamento e muitos dos que perderam peso retirando o glúten, na realidade, o fizeram devido a redução no consumo de carboidratos derivados do trigo e substituição por alimentos de baixa caloria, como legumes. Entretanto, existem duas situações em que o consumo de glúten pode ser prejudicial a saúde e sua retirada deve ser completa e um último caso, cuja real existência ainda é bastante polêmica. 1- Doença Celíaca: é uma doença autoimune, em que o simples contato da mucosa do intestino com o glúten desencadeia uma reação exagerada do sistema imune. O resultado é uma grave inflamação e destruição da mucosa intestinal com perda da capacidade de absorver nutrientes. Os sintomas são graves e diversos como dor e distensão abdominal, diarreia, vômitos e desnutrição. A presença dos anticorpos antitransglutaminase e antiendomísio IgA, somados a biópsia do duodeno confirmam o diagnóstico. 2- Alergia ao trigo: nessa situação os sintomas gastrintestinais são mais leves, mas o que predomina é o quadro alérgico como urticária, rinite, asma e até mesmo choque anafilático. Essa reação ocorre contra diversas proteínas do trigo, não apenas ao glúten. 3- Sensibilidade ao glúten não celíaca: essa é uma entidade controversa, pois não há exames que possam confirmar esse diagnóstico, porém há inúmeros relatos de pessoas que se sentem mal ao consumir pães e massas. Predominam os sintomas gastrintestinais que são mais leves do que na Doença Celíaca e não impedem a pessoa de consumir alimentos contendo glúten, mas a obrigam a reduzir sua quantidade.
