Muitas pessoas que estão tentando emagrecer até começam indo bem seguindo um programa de reeducação alimentar, atividades físicas e, eventualmente, uso de medicamentos contra a obesidade. Nos primeiros meses tudo certo, a empolgação é alta e parece que o peso ideal será atingido rapidamente, mas eis que normalmente lá pelo 3º, 4º, 6º mês de tratamento o peso simplesmente “estaciona” e parece que não há nada que faça voltar àquele ritmo inicial de emagrecimento. Tenta-se reduzir mais as calorias, diminuir o carboidrato, ajustar medicação, daí ocorre uma aceleração discreta na perda de peso para logo depois o peso simplesmente empacar de novo. O que pode estar acontecendo?
Uma das possibilidades é que você pode não estar dando a devida atenção à atividade física. Durante o processo de emagrecimento, muitas pessoas ainda não tem um condicionamento físico bem desenvolvido e começam a fazer atividades físicas mais leves e sem carga, como caminhadas, por exemplo, e isso é ótimo pois os benefícios dos exercícios para a saúde como um todo são inquestionáveis.
A atividade física precisa evoluir se quiser emagrecer de fato
O problema é que muitos não irão evoluir em seus treinos e permanecerão na mesma rotina de exercícios por vários meses, continuarão naquele mesmo ritmo de caminhada lenta de 30 minutos de 3 a 4 vezes por semana, não iniciarão um treino de musculação para preparar o corpo para um trote, uma corrida leve, uma pedalada mais longa, ou ainda pior, depois da empolgação inicial e uma relativa perda de peso inicial se acomodam e reduzem o ritmo de exercício colocando outras prioridades a frente dos treinos.
É importante destacar que quanto mais peso perdemos mais lento tende a ficar nosso metabolismo. O corpo entende que está faltando energia e passa a “quebrar” as proteínas musculares para repor essa energia. Como o músculo é como um motor de nosso organismo, quanto mais massa muscular perdemos menos calorias iremos queimar. Esse processo de perda de massa muscular durante o emagrecimento é normal e pode ser compensado em boa parte com aumento de treino tanto de musculação quanto do aeróbico. O ideal para quem quer perder peso é realizar no mínimo de 240 a 300 minutos de exercício físico por semana. Obviamente nem todo mundo terá preparo físico e tempo para logo de início começar dessa forma, mas o importante é buscar essa meta conforme o tempo de cada um e acompanhamento de um profissional em educação física. O correto é a cada 8 a 12 semanas em média reavaliarmos o programa de atividades físicas e, sempre que possível, intensificar o volume e intensidade de treinamento.
Troca de massa gorda por massa magra
Outra possibilidade para o peso não se mexer na balança é a troca de massa gorda por massa muscular, principalmente naqueles em que predominam os treinos resistivos. Até aí não há problemas, principalmente se sua intenção é hipertrofia e definição muscular. Nesse caso o peso deixa de ser tão importante e passamos a adotar outros parâmetros para saber se o objetivo de perder massa gorda está sendo atingida, como medida de circunferência abdominal, prega cutânea e através de exames como a bioimpedanciometria ou a análise de composição corporal por aparelho de densitometria, esses últimos irão fornecer dados mais exatos de percentual de gordura corporal, água e massa magra, de onde se obtém a massa muscular.
Sempre digo aos meus pacientes: atividade física é para sempre, quanto mais velho ficamos maior será nossa obrigação de nos mantermos ativos. Dificilmente alguém que é sedentário ou que permanece fazendo pouca atividade física atingirá seus objetivos de peso ou mesmo conseguirá sustentar o que foi perdido. É até possível em curto prazo perder alguns quilinhos, mas em médio e longo prazo a falta dos exercícios será cobrada.