Sibutramina é uma velha conhecida de muitos que lutam contra o excesso de peso. Apesar de estar conosco desde os anos 90, muita polêmica permanece no ar.
Percebo isso no meu dia a dia de consultório. Muitos não querem ouvir falar dela, temem seus efeitos colaterais ou se usam não dizem para seus familiares e amigos por receio de serem criticados.
Existem dois grandes temores com relação ao uso da sibutramina: o medo de ter uma doença cardiovascular grave ou de se tornar dependente do remédio.
Para entendermos melhor essa desconfiança, temos que voltar a 2011, ano em que um estudo sobre a sibutramina chamado SCOUT (The Sibutramine Cardiovascular Outcomes) foi publicado.
Nesse estudo, a sibutramina foi avaliada em mais de 10 mil pacientes com 55 anos de idade ou mais e que já tinham um alto risco de doença cardiovascular (eram diabéticos, hipertensos mal controlados, tinham histórico de infarto ou acidente vascular cerebral, entre outros). Como resultado, observou-se um aumento de 16% no risco desses pacientes terem um infarto ou acidente vascular cerebral não fatal, parada cardíaca ou morte cardiovascular.
Apesar desse aumento ser notado somente nesse grupo de maior risco, isso foi o suficiente para abalar a reputação da sibutramina e ser proibida em vários países
No Brasil, sua venda não foi suspensa, mas passou a ter um controle mais rigoroso. O receituário mudou para tarja preta, que significa medicamento com potencial de causar dependência.
Na realidade isso foi um artifício criado para dificultar seu acesso, na própria bula da sibutramina nada consta sobre dependência. Porém, por ser um medicamento que age no sistema nervoso central, ela pode ser contraindicada para diversos pacientes com transtornos psiquiátricos.
Em resumo, a sibutramina continua a ser uma medicação útil e eficaz no combate a obesidade, mas sua prescrição deve ser criteriosa, somente por médico especializado e após adequada avaliação do risco cardiovascular e psiquiátrico.
Jamais se automedique!!!