QUANTO PESO POSSO GANHAR DORMINDO MAL?

Cada vez mais falamos da importância da qualidade do sono como um fator que pode tanto ajudar quanto atrapalhar na perda de peso.  Muitos estudos já mostraram que aqueles que dormem pouco ou trocam o dia pela noite apresentam uma série de alterações nos ritmos hormonais, com aumento de cortisol, noradrenalina, diminuição de serotonina etc., que irão resultar em perda de massa muscular, aumento de apetite e, por consequência, irão engordar. Além disso, o próprio ganho de peso piora a qualidade do sono, principalmente por conta do aumento de refluxo gastroesofágico e dos episódios de roncos e apneia obstrutiva, causando um círculo vicioso. Mas você saberia dizer o tamanho do impacto disso na prática, em kg? Foi o que um estudo apresentado no Congresso Europeu de Obesidade na semana passada (e que, como vocês sabem, tive a oportunidade de acompanhar) procurou demonstrar. Esse estudo acompanhou 192 adultos que haviam perdido peso durante 8 semanas através de uma dieta de muito baixa caloria e que agora estavam em uma fase de manutenção do peso. A maioria absoluta relatou melhora da qualidade do sono com o emagrecimento. Entretanto, durante a manutenção de peso, foi notado que aqueles que dormiam < 6 horas de sono por noite aumentaram o índice de massa corpórea (IMC) em 1,2 kg/m² em comparação aqueles que dormiam de 6 a 7 horas, ao longo de 1 ano de acompanhamento. Na prática: se eu tenho 2 pessoas com o mesmo peso e altura inicial, ou seja, o mesmo IMC, por exemplo 170 cm e 70 kg (IMC de 24,2 para cada um), o que dorme pior poderia ganhar 3,4 kg em comparação ao que dorme melhor. Para quem está tentando perder peso ou mesmo manter o que eliminou, isso é muita coisa e pode explicar muitos casos de falha no tratamento. Portanto, procure valorizar suas noites de sono e durma melhor! E se está tendo dificuldades em dormir com qualidade, procure seu médico!

MENOPAUSA AUMENTA O RISCO DE HIPOTIREOIDISMO?

Não há dúvidas de que as mulheres são o grupo mais afetado pelo hipotireoidismo, que é a falta dos hormônios da tireóide.  Dentre as explicações para isso estaria a influência dos hormônios femininos sobre o sistema imunológico, mais especificamente sobre o desenvolvimento de doenças autoimunes, como a Tireoidite de Hashimoto, que é a principal causadora do hipotireoidismo, como já dissemos em outros posts. Explorando mais esse tema, notamos que há um pico de novos casos de hipotireoidismo entre os 40 e 50 anos de idade, exatamente a faixa etária onde a grande maioria das mulheres irão apresentar o declínio dos hormônios femininos que irá culminar com a menopausa. Será então que existe uma relação entre menopausa e aumento no risco de hipotireoidismo? Ao que tudo indica sim!  Foi o que mostrou um estudo transversal sul coreano que envolveu mais de 50 mil mulheres entre 2014 e 2018 publicado na revista Thyroid deste mês. Nesse estudo foi observado que há um aumento dos níveis de TSH compatíveis com hipotireoidismo na fase chamada de transição tardia da menopausa (onde já se manifestam alterações laboratoriais compatíveis com essa fase acompanhadas por sintomas clínicos, como irregularidade menstrual e as primeiras ondas de calor) e na pós menopausa, quando a mulher já parou de menstruar. Por ser um estudo feito somente com mulheres sul coreanas e que não foi desenhado para se investigar as causas relacionadas as variações hormonais desta época da vida feminina, mais estudos são necessários para se confirmar essa hipótese. De qualquer forma esse estudo acende um alerta para que estejamos atentos ao surgimento do hipotireoidismo nessa fase, pois os sintomas da menopausa e do hipotireoidismo podem ser muito parecidos, como o cansaço excessivo, alterações de humor, sono, temperatura etc., e acabar se somando. Deixar de fazer o diagnóstico de hipotireoidismo em mulheres nessa fase pode piorar ainda mais os sintomas e a qualidade de vida na fase de transição da menopausa. Fique atenta!